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domingo, 7 de junho de 2020

Chegou a vez de eu comentar e tenho de recuar uma geração, por Duarte Pereira

07/06/2020
José Guedes - Chegou a vez de eu comentar e tenho de recuar uma geração. 

Não conheci os meus avós paternos, nem sequer os nomes, seriam de Oliveira de Azeméis e o meu pai acabou por migrar para Lisboa para trabalhar na Fábrica de Vidros Gaivotas, em frente à boca do forno. 

Cheguei a conhecer a minha avó materna de seu nome Marianinha, tinha o cabelo mais branco que a neve da Serra da Estrela, o meu avô materno fez um casal de filhos, emigrou e esqueceu-se da minha avó. 

Foi criada na Freiria, Concelho de Torres Vedras e por volta dos seis anos andei de burro com uma cilha e não sei ainda se era de sua propriedade. 



Constatei que havia por lá um barracão com umas pipas de vinho.

A irmã da Marianinha de seu nome Gertrudes emigrou para Lisboa para uma casa senhorial a que agora chamam Palácio Ratton e que nós chamávamos a casa do Rua do Século.



Como a pobreza grassava, a minha tia Gertrudes deve ter chamado a minha mãe para aprender costura e trabalhar em linho e fazer berliques e berloques nos lençóis da fidalguia que lá morava.

A minha mãe Lourdes e o meu pai Armando conheceram-se e tiveram um casal. 

Eu na maternidade Alfredo da Costa em Lisboa e a minha irmã Teresa seis anos depois na Maternidade do Monte Estoril.

Com os dois filhos a minha mãe ficou em casa e o meu pai arranjou outro emprego como empregado de mesa na pastelaria do marido da Gertrudes e à noite ainda ia trabalhar para o cinema Académico, também em Cascais a arrumar as pessoas nos lugares, nos intervalos no bar e ainda arranjava o jardim do empreendimento.

Ambos são falecidos e acho que nunca tiveram férias.

Vidas difíceis que eu nunca conseguiria agradecer.

Conseguiram dar o 7º ano do Liceu à minha irmã ( sem chumbar), e um curso de dactilografia e estenografia.

Eu fiquei com o 5º ano do liceu e não me façam perguntas quantos anos demorei a fazê-lo 

Nota : E as praias ali tão perto.



segunda-feira, 8 de maio de 2017

Uma Guerra Deprimente..., por José M. Dionísio

Uma Guerra Deprimente...

MOTE

D’uma guerra deprimente
No antigo território Colonial
Na minha geração era normal
Ser herói/mártir noutro Continente


1
Fazer a vida militar
era uma obrigação,
pois na minha geração
não havia volta a dar,
todo o jovem lá ia parar
e dizer estou presente,
fosse saudável ou doente
só livre da tropa ficava
se alguém influente o safava,
D’uma guerra deprimente

2
Não se tinha a percepção
em nossa plena juventude,
não víamos na plenitude
os perigos que à frente estão.
Às vezes não dávamos razão
ao que era substancial,
por vezes levávamos a mal
aos conselhos que nos davam,
sobre os perigos que grassavam
No antigo território Colonial

3
Todos temos na lembrança
do tempo que durou a guerra,
muitos, longe da sua terra
em África marcavam presença,
com receio e com esperança
para nada correr mal,
era essa a questão essencial
chegar ao “Puto” são e salvo,
ir à guerra e ser um alvo
Na minha geração era normal

4
Ao estadista falta sensibilidade
tanto hoje como outrora,
nesse aspeto não há melhora
essa é a pura realidade.
Há falta de sensibilidade
sem dar valor à “Gente”(1),
era assim que antigamente
acontecia aos jovens de então,
fosse fraco ou valentão
Ser herói/mártir noutro Continente

(1),- Jovens que no meu tempo,
lutaram em terras de África

José M.Dionísio, Ago._2004